PODERÁ A OBRA DE MISSÕES SER SALVA?

 

A revista TIME em uma de suas publicações no ano de 2003, trouxe uma matéria com a seguinte chamada: PODERÁ A IGREJA SER SALVA? Na época da publicação da matéria em questão, ela referia-se a Igreja Católica em suas lutas com a vida moral de seus sacerdotes ao redor do mundo. Creio que   essa pergunta é também pertinente a nós como Igreja Evangélica no Brasil, porém, aqui, quero me referir à obra missionária transcultural e a nossa tarefa em obedecer ao mandato de Mt. 28:19 “Portanto, ide (indo), fazei discípulos de todas as nações (etnias)…”, aqui encontramos uma definição Bíblica do Mandamento da Grande Comissão “fazer discípulos” onde o Evangelho não está disponível (Rm 15: 14.21). Portanto a questão a qual quero me referir, é a seguinte: A nossa parte na tarefa de evangelizar os que não ouviram o evangelho, será levada a salvo ate aquele dia quando encontraremos o nosso amado Salvador e Senhor?  Guardaremos o “bom depósito”, como Paulo exorta seu filho na fé Timóteo, a faze-lo em sua segunda carta, escrita em uma prisão de segurança máxima em Roma? (II Tm. 1:14)

PODERÁ A OBRA DE MISSÕES SER SALVA?
Alguém poderá indagar: Qual a razão para tal pergunta? É possível que a obra de missões no Brasil se perca em sua caminhada? Corre perigo de morte a obra de missões transculturais a partir da Igreja Brasileira? Será possível morrer a compaixão pelos PNAs no coração e ministério daquele que teve seus olhos abertos para além das fronteiras? É possível um homem de Deus perder a visão da direção em que Deus está se movendo? É possível perder o foco e caminhar com a vida, família e ministério de forma desfocada? Cambaleante? Como um Navio à deriva?

Pessoalmente creio que é possível, podemos ser no futuro uma igreja nominal e uma geração de crentes sonolentos e frios em nosso Amor ao Amado de nossa alma.

A Bíblia mostra-nos que a Igreja de Éfeso perdeu seu primeiro amor (Ap.2:4), no final do primeiro século quando a igreja começava seu declínio depois de um período de maturidade, quando foram escritas as chamadas “cartas da prisão”, Paulo, escreveu aos irmãos de Éfeso, Filipos, Colossos e ao seu amigo Filemon. A Igreja que recebeu o ouro da Palavra em relação a nossa posição em Cristo e tudo que recebemos nEle e dEle,  esta carta é considerada a coroa da teologia paulina, esta igreja quando as luzes do primeiro século estão se apagando, estes irmãos de Éfeso, revelam uma conduta que sob os olhos do Senhor da Igreja, necessita de reprovação. Era uma Igreja de muitas obras, perseverante, não suportava homens sem caráter, identificaram os falsos apóstolos e não receberam seu ministério, porém, com todo este “currículo eclesiástico”, seu candeeiro foi removido até os nossos dias. (Ap.2:5). Trinta anos antes (60 e 61 d.C.) essa igreja fora elogiada por seu amor ao Senhor Jesus (Ef. 1: 15,16). O amor estava lá na vida dos irmãos de Éfeso, mas, agora 30 anos depois (93 e 95 d.C.) eles perderam, o amor pelo Noivo, estava ausente, as afeições desta igreja estavam no lugar errado. Quando perdemos o amor por nosso amado Salvador, significa que nosso coração pertence a “outro” deus, Nosso Senhor Jesus condenou esse comportamento quando disse no Sermão do Monte “Ninguém pode servir a dois senhores…” (Mt. 6:24). Quando perdemos o amor por aquele que morreu por nós, deixamos de ser uma igreja missionária, nossos afetos estão nas coisas, nos eventos, nos números, na estrutura, no ministério. “Mestre! Que pedras, que construções!”, esta foi a afirmação de um dos seus discípulos, Jesus, respondeu “Vês estas grandes construções? Não ficará pedra sobre pedra, que não seja derribada.” Esta profecia cumpriu-se nos anos 70, quando o General Tito, invadiu a cidade.

A igreja no norte da África nos primeiros séculos envolveu-se com discussões tais como: “A mulher tem ou não tem alma?” Também foi atacada por influências heréticas externas, mas o verdadeiro significado da salvação e a necessidade de proclamar o evangelho eram virtualmente ignorados, como está a igreja hoje nesta região do mundo?  Hoje contemplamos com profunda tristeza uma igreja agonizante na Europa de onde recebemos o evangelho e de onde saíram os reformadores e grandes avivalistas que incendiaram sua época e produziram milhares de missionários para o mundo inteiro. A Europa foi palco de um movimento de oração que durou 100 anos, como resultado da visão de um homem; Conde Zizendorf e então nasceram os Moravianos. Da Igreja da Europa recebemos: John Wycliffe (1328); John Huss (1373), na Boemia; Ulrich Zwinglio (1486), em Zurique-Suiça; John Calvino (1509), de Genebra; Martinho Lutero (1483), John Owen, nascido em 1616, um dos mais renomados teólogos puritanos; John Wesley (1703); Campell Morgan, principe dos expositorres, Charles Spurgeon, príncipe dos pregadores; George Mullher, pai de mais de 6.000 orfãos. O irmão George Mullher foi um dos grandes mantenedores de Hudson Taylor no Interior da China, William Booth, fundador do Exercito da Salvação, Dr. D.L.Johnes; John Stott que já está com o Senhor, e muitos outros. É quando perdemos nosso primeiro amor, que perdemos o entusiasmo por Jesus Cristo e conseqüentemente perdemos a visão, a paixão, a unção e já não temos nenhuma ação eficaz em direção aos que nada ouviram.  O candeeiro foi removido.

Queridos irmãos, nossa convicção de fé em relação a tarefa em dar o Evangelho aos que  não ouviram, isto é: Nossa parte como Igreja Evangélica Brasileira foi corrompida (1ª Ts. 3:5) e as portas do nosso coração foram abertas para a incredulidade, o pessimismo, o desânimo, as dúvidas, e as diversas correntes teológicas, que batem fortemente contra a Igreja de Cristo. Nossa convicção não é mais a mesma. O irmão Frank Dietz pergunta em uma de suas mensagens: Nossa visão é uma CONVICÇÃO ou uma PREFERNCIA? Convicção você não muda, preferência você troca. Ventos fortes sopram contra a Igreja brasileira, estamos sendo transformados em uma igreja templista, onde o templo construído aqui é mais importante que o edifício de  Éfesios 4.1.16. De repente o materialismo chegou; nossos sonhos em ver os povos serem alcançados estão sendo corrompidos; nossa ousadia cede ao ceticismo; nossa intrepidez cede à lógica humana; nossa coragem cede aos questionamentos tais como: E a alta do dólar? E a crise na economia? E o desemprego? E o lugar para o estacionamento dos nossos carros? E o sistema de ar condicionado? E a área de lazer da igreja? E a gravação do grupo de musica? E os que não ouviram em nossa cidade? E os pobres? E agora por último, a nova onda: A Missão Integral, que é o novo modismo dos burocratas eclesiásticos. Missões está em perigo. Poderemos salvar a obra de missões transculturais que nos foi dada como responsabilidade? Chegamos até aqui como resultado da obediência de missionários que vieram ao Brasil e nos deram o evangelho, deixando-nos uma herança que precisa ser transferida à geração futura. Corremos o risco de deixarmos como herança para a geração que nos sucederá um vale de ossos secos, chamado missões.

O que fazer? Olhemos para a igreja de Tessalônica que se tornou modelo em missões em um contexto de crises e lutas (1ª Ts. 1: 7,8) sigamos o exemplo dos irmãos de Filipos que tornaram-se cooperadores com Paulo, quando outras igrejas já não respondiam as necessidades dos missionários, a igreja de Filipos entra na história como uma igreja que “cooperou desde o começo até aquele momento…” (Fil. 1:5). Olhemos para o missionário Paulo quando diante do rei Agripa em Atos 26:19, ele declara: “Pelo que, ó  Rei Agripa, não fui desobediente a visão celestial. Qual era a visão de Paulo? Alguém tem dúvida que sua visão era dar o evangelho aos gentios e oferecê-los como uma oferta a Deus? (At.26:18.20, Rm.15:16). Creio que precisamos perguntar a nós mesmos hoje; qual é a visão que recebemos de Deus? Lembro de um colega de ministério que disse-me certa vez: “a ênfase do meu ministério não é missões, é ação social”. Então perguntei-lhe: Caro colega, missões é uma questão de ênfase ou uma questão de obediência? Temos a liberdade de  escolher qual será a ênfase do nosso ministério, ou somos chamados a seguir e imitar a vida daquele que nos salvou e nos chamou com Santa Vocação (2ª.Tm.1:9)? Precisamos perguntar a nós mesmos e uns aos outros: qual é a nossa visão? Qual é a nossa convicção? Precisamos perguntar a nos mesmos: qual é o meu negócio? Pergunte ao irmão que está ao seu lado, ao seu colega de ministério, de presbitério, de diaconato, de liderança: Qual é o seu negócio? Certa vez o Evangelista Moody abordou um homem em uma das ruas de sua cidade: Você já ouviu falar de Jesus Cristo? O homem respondeu-lhe: vá cuidar do seu negócio! Prontamente o grande evangelista respondeu: O meu negócio é pregar o evangelho. Tarde da noite alguém bateu à porta do irmão Moody. Quem será? Era aquele homem que mandou Moody cuidar de seu negócio. “Por favor, fale-me sobre o evangelho”.

Precisamos redefinir o nosso ministério? O que é o ministério? Fomos chamados porque e para que? E a igreja? Precisamos voltar ao Novo Testamento e à luz das escrituras redefinir a identidade da igreja e sua missão. Quando teremos coragem para discutir e refletir sobre estas questões?  Fomos chamados para quê? Quais os passos para mudar esse quadro? Quero compartilhar quatro passos que podemos dar.

Primeiro: Vamos voltar à Palavra de Deus, vamos pregar sobre missões em nossos púlpitos, vamos dar uma dieta missionária à Igreja que está extremamente OBESA. Vamos pregar expositivamente, vamos abrir a Bíblia e assim como Esdras ensinar as escrituras (Ed.7:10.27). Nossos púlpitos estão vazios da Palavra de Deus e cheios de “artistas”, “atletas”, “comediantes”, “mentores” que se dizem discipuladores, porem nunca geraram filhos espirituais, temos “coreografias, bandas de “estrelas cadentes”, tecnologia, nossos púlpitos foram transformados em picadeiros, palcos, o sentimento que experimentamos é que vivemos nos dias de Samuel: “A Palavra de Deus era mui rara” (1ª. Sm.3:1), e as ovelhas andam (como bêbados) com fome e sede (Amós 8:11.12). Como teremos uma igreja missionária? Vamos fazer como Paulo em  Tessalonica (At. 17:1.3). Oh! Meus queridos irmãos, precisamos hoje de uma pregação poderosa com uma Palavra poderosa, através de lábios cheios de fogo e com ações  poderosas que cheguem ate aos confins da terra (At. 1:5.8).

Segundo: Vamos orar com perseverança, criatividade e fervor espiritual. Vamos gerar um movimento de oração que dure até a volta do Senhor Jesus. Nossos cultos de oração desapareceram e o que sobrou tornou-se um culto humanista, a intercessão gira em torno da nossa vida, da nossa familia, da nossa segurança, das bênçãos que desejamos a qualquer preço. Necessitamos que o mesmo Espírito que estava em Epafras em Cl.4:12; venha sobre nós afim de batalharmos para que a Igreja de Deus no Brasil e no mundo seja perfeita, isto é: Madura, Completa, Adulta e que a nossa convicção seja restaurada, afim de cumprirmos a vontade de Deus em relação àqueles que ainda não ouviram.

Terceiro:

Vamos trabalhar até a exaustão (Cl.1:28.29), gerar novos obreiros, discípula-los, restaura-los e equipa-los para que se tornem o nossos Timóteos, Titos, Aquilas e Priscilas, Joãos Marcos: Provados e Aprovados, que servirão ao evangelho (Fp. 2:19.22).

Quarto: Vamos tomar a decisão de levar nosso ministério para missões e decidir que nossas igrejas serão missionárias e vamos direcionar nossos orçamentos financeiros para o sustento de mais obreiros transculturais, em campos ainda não alcançados. Hoje a nossa Igreja no Brasil, cresceu numericamente, cresceu financeiramente, crescemos na área de recursos teológicos e tecnológicos, porém, somos como a Igreja de Éfeso, perdemos o nosso primeiro amor.

Deus tenha misericórdia de nós, vamos ouvir o chamado do nosso Amado Salvador ao arrependimento, o mesmo chamado que foi dado aos irmãos de Éfeso:

Ap. 2:5 – Lembra-te, pois, donde caíste, arrepende-te e volta a pratica das primeiras obras; de outra forma, venho a ti, e removerei o teu candeeiro do seu lugar, se não te arrependeres.

Vamos em frente, sem desanimar, vamos AVANTE em nome do Senhor Jesus!